quinta-feira, 6 de abril de 2006

Lupicínio Rodrigues


Lupicínio Rodrigues era filho de Francisco Rodrigues, funcionário da Escola de Comércio de Porto Alegre e de Abigail Rodrigues. Apesar das dificuldades financeiras da família foi matriculado pelo pai, com apenas cinco anos no Liceu Porto-Alegrense. Aos sete anos entrou para o Colégio São Sebastião dos Irmãos Maristas onde fez os cursos primário e ginasial, aprendendo ao mesmo tempo o ofício de mecânico. 


Mais tarde trabalhou como aprendiz nas oficinas da Companhia Carris Porto-Alegrense e da Micheletto. Desde os 12 anos fazia marchinhas para blocos carnavalescos e também cedo passou a levar vida de boêmio, frequentando bares onde cantava com os amigos.

Considerado o pai da "dor de cotovelo" pela natureza de suas músicas onde os amores traídos e fracassados e a tristeza estão sempre presentes, Lupicínio Rodrigues conseguiu um feito raro em nossa música popular: ser um dos poucos compositores, de fora do Rio de Janeiro, a fazer sucesso.

Por volta de 1930, venceu um concurso com sua marchinha Carnaval que havia composto para o cordão carnavalesco "Prediletos". Em 1932, como cantor do conjunto "Catão", foi ouvido e elogiado por Noel Rosa, em um bar de Porto Alegre, naquela famosa excursão que Noel fez com Francisco Alves ao Rio Grande do Sul.

Por imposição do pai ingressou no exército, em Santa Maria, desde cedo mas em 1935 deu baixa e voltou para Porto Alegre. Em Santa Maria conhecera Inah, seu primeiro grande amor. O romance foi rompido, porque ela não aceitava a vida boêmia do compositor e isto marcou profundamente a sua obra.

Ainda neste mesmo ano, recebeu o primeiro prêmio em concurso de música popular promovido pela prefeitura de Porto Alegre, na comemoração do centenário da Revolução Farroupilha, com a música Triste história composta em parceria com Alcides Gonçalves. E foi esta e mais a música Pergunte a meus tamancos, também de parceria com Alcides Gonçalves e gravada por este último que formaram o primeiro disco de Lupicínio Rodrigues como compositor.

A gravação foi na Victor no dia 03 de agosto de 1936 e o disco tomou o número 34.089. E este foi o início de sua carreira como compositor profissional. Da mesma parceria são Quem há de dizer, Cadeira vazia, Maria Rosa, Castigo, Jardim da saudade e outros sucessos.

Entre seus trabalhos, estão aqueles cantados por Orlando Silva, como Brasa (1945), de parceria com Felisberto Martins; por Francisco Alves, intérprete, entre outras canções, de Nervos de aço (1947), Esses moços (Pobres moços), Nunca (1949); e por Linda Batista, que se destacou com Vingança e Jamelão, com Ela disse-me assim. Consta que compôs cerca de 600 músicas, das quais umas 150 foram gravadas.

Utilizando com habilidade intuitiva os lugares-comuns da fala popular, de seus versos não está ausente um certo kitsch, sobre o qual, porém, construiu uma obra poético-musical que ocupa um lugar ímpar na música popular brasileira. A partir de 1971, conheceu nova fase de popularidade, quando intérpretes como Caetano Veloso, Gal Costa e Paulinho da Viola regravaram músicas suas e tomaram sua obra conhecida por um público mais jovem. Lupicínio Rodrigues morreu em 27 de agosto de 1974, em Porto Alegre, cidade onde sempre viveu.

Letras e cifras




























Obra completa

Amigo ciúme (c/Onofre Pontes), samba, 1957; Amor é um só, samba, 1955; As aparências enganam, valsa, 1952; Aposta (c/Rubens Santos), samba-canção, 1963; Aquele molambo (c/Rubens Santos), samba-canção, 1963; Aves daninhas, samba-canção, 1954; Basta (c/Felisberto Martins), samba, 1944; Beijo fatal, bolero, 1963; Os beijos dela, samba, 1953; Bobo eu não sou, samba-canção, 1964; Boca fechada, samba-canção, 1954; Boneca de doce, samba, 1963; Brasa (c/Felisberto Martins), samba, 1945; Briga de amor (c/Felisberto Martins), samba, 1940; Briga de gato (c/Felisberto Martins), samba, 1944; Cadeira vazia (c/Alcides Gonçalves), samba-canção, 1950; Caixa de ódio, 1969; Calúnia (c/Rubens Santos), samba, 1958; Carteiro (c/Felisberto Martins), samba 1942; Castigo (c/Alcides Gonçalves), samba-canção, 1953; Cenário de Mangueira (c/Henrique de Almeida), samba, 1966; Cevando o amargo (c/Piratini), toada, 1956; Chamas (c/Hamílton Chaves), marcha, 1966; Cigano (c/Felisberto Martins), samba, 1943; Coisas minhas, samba, 1958; Contando os dias, guarânia, 1962; Conto das lágrimas, samba-canção, 1959; A dança do sapo, marcha, 1949; Distante de ti (c/L. Collantes), bolero, 1959; Divórcio, samba, 1952; Dois tristonhos, samba, 1955; Dominó (c/Davi Nasser), marcha, 1957; Dona divergência (c/Felisberto Martins), samba-canção, 1951; Ela disse-me assim (Vai embora), samba-canção, 1959; Enquanto a cidade dormia (c/Felisberto Martins), samba, 1939; Esses moços (Pobres moços), samba-canção, 1948; Esta eu conheço (c/Rubens Santos), samba, 1959; Eu e o meu coração, 1950; Eu é que não presto (c/Felisberto Martins), samba, 1943; Eu não sou louco (c/Evaldo Rui), samba, 1950; Eu sei, samba, 1960; Ex-filha de Maria, samba-canção, 1952; Exemplo, samba, 1960; Feiticeira (c/Felisberto Martins), samba-canção, 1952; Felicidade, xótis, 1947; Foi assim, samba-canção, 1952; Fuga, samba, 1959; Garçom, marcha, 1946; Gaudério (c/Luís Meneses), valsa, 1967; Há um Deus, samba-canção, 1957; Hino oficial do Grêmio, 1972; Homenagem, 1961; Homenagem à sambista (c/C. A. C.), samba, 1973; Iná, fox, 1955; Jardim da saudade (c/Alcides Gonçalves), valsa, 1952; Juca, valsa, 1954; Judiaria, 1974; A lua, samba, 1948; Mais um trago (c/Rubens Santos), samba-canção, 1960; Maluca, 1963; Malvada (c/Felisberto Martins), samba, 1945; Margarida, samba, 1959; Maria Rosa (c/Alcides Gonçalves), samba-canção, 1950; Meu figurino (c/Felisberto Martins), marcha, 1953; Meu pecado (c/Felisberto Martins), samba, 1944; Migalhas, samba-canção, 1950; Minha companheira (c/Leo Conti), samba, 1973; Minha história (c/Rubens Santos), samba-canção, 1954; Minha ignorância, samba-canção, 1954; O morro está de luto, samba, 1953; O mundo é assim (c/Henrique de Almeida e Rubens Santos), marcha, 1970; Na hora de pagar (c/Arlindo Sousa), marcha, 1974; Namorados, samba, 1954; Não conte pra ninguém (c/Rubens Santos), samba, 1962; Não deu outra coisa (c/Rubens Santos), marcha, 1971; Não sou de reclamar, samba-canção, 1952; Nervos de aço, samba, 1947; Nossa Senhora das Graças, samba, 1956; Nunca, samba-canção, 1952; Os óculos do vovô, marcha, 1953; Paciência (Vou brigar com ela), samba-canção, 1961; Palhaço não, marcha, 1948; Perdido na multidão (c/Rubens Santos), marcha, 1971; Pergunte aos meus tamancos (c/Alcides Gonçalves), samba, 1936; Podes voltar (c/Rubens Santos), samba-canção, 1963; Ponta de lança, samba-canção, 1952; Pra São João decidir (c/Francisco Alves), samba, 1952; Pregador de bolinha (c/A. M. Barreto e Hamilton Chaves), samba, 1953; Primavera (c/Hamilton Chaves), canção, 1969; Prova de amor, samba, 1960; Quando eu for bem velhinho (c/Felisberto Martins), marcha, 1940; Que baixo (c/Caco Velho), samba, 1945; Que espanhola (c/Rubens Santos), marcha, 1970; Quem é aquele pão (c/Rubens Santos), batucada, 1970; Quem há de dizer (c/Alcides Gonçalves), samba-canção, 1948; Rainha do show (c/Davi Nasser), samba, 1955; Rancho da Mangueira (c/Rubens Santos), marcha-rancho, 1969; Recado não aceito, samba, 1953; O relógio lá de casa (c/Felisberto Martins), samba-choro, 1945; Roda de samba (c/Hamilton Chaves), samba, 1970; Se acaso você chegasse (c/Felisberto Martins), samba, 1938; Se é verdade, samba, 1954; Sempre eu (c/Felisberto Martins), samba, 1941; Seu doutor (c/Leo Conti), samba, 1972; Sombras, samba, 1952; Sozinha, samba-canção, 1963; Taberna, 1963; Tola, samba, 1953; Torre de Babel, samba canção, 1964; Trabalho (c/Felisberto Martins), samba, 1945; Triste história (c/Alcides Gonçalves), samba, 1936; Triste regresso (Cansaço), samba-canção, 1961; Verão do Brasil (c/Denis Brean), marcha, 1946; Vingança, samba-canção, 1951; Você não sabe (c/Rubens Santos), samba, 1957; Volta, samba-canção, 1957; Vou brigar com ela (Paciência), 1961; Zé Ponte (c/Felisberto Martins), canção, 1947.


Fontes: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora; Collector's.

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